quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ANAB.

A ANAB nasce em 1989 a fim de tentar dar uma resposta global ao estado de degradação e destruição progressiva do meio-ambiente. Tem por objetivo propor uma releitura radical da Arquitetura baseada na ética e na sustentabilidade, e restituir ao ponto central do percurso de pesquisas culturais, profissionais, tecnológicas, projetuais de quem faz da Arquitetura o conhecimento de trabalhar para o homem e sua saúde psicofísica, de agir para o equilíbrio do meio-ambiente.

Quem faz Arquitetura tem uma grande responsabilidade no confronto dos seres vivos. Propomos uma Arquitetura que recomece a aprender da natureza os métodos, os ritmos, os percursos a fim de construir os lugares onde vivemos melhores, cidades mais saudáveis mais belas, um ambiente que recomece a tender ao equilíbrio.

O logo da ANAB, que tem um merecido reconhecimento, é uma feliz elaboração gráfica das pinturas rupestres dos camunes (antigo povo de Val Camonica – Torino - Itália) e representa a casa como o arquétipo da vida humana em acordo com a natureza. A casa é ao mesmo tempo árvore, sol, homem.

Construir e habitar

Cada atividade construtiva é fundamentalmente um ato de violência contra a natureza. Ao construir nós devemos estar atentos a "fazer a mediação" entre nossas exigências efetivas e o respeito ao ambiente entendido no sentido mais abrangente (natural, construído, social, histórico, psicossomático...).

O habitar nos envolve também como o usuário consciente da casa. O "high tech", a eletrificação excessiva, a "inteligência" de nossas casas representa um realmente progresso? Este progresso não é também a causa de nossa degradação?


A casa ecológica

A casa é sempre o lugar que nos permite proteção e amparo contra os agentes atmosféricos e as agressões do mundo externo, agressões naturais no passado (clima, animais, inimigos...), cada vez mais artificiais hoje (poluição, stress, ruído, pobreza social...).

A casa e o ambiente são cada vez mais artificiais e dependentes de um processo tecnológico distorcido, tumultuado e rapidíssimo que fez com que na Itália tenha sido construído nos últimos 60 anos mais do que tudo o que foi construído nos 5000 anos precedentes.

O estado da degradação ambiental resultante destes 60 anos da atividade frenética é reconhecido por qualquer um e exige uma mudança de rota urgente que continue a garantir o desenvolvimento social e econômico da sociedade colocando, no entanto, em primeiro lugar a qualidade em relação à quantidade.

A casa ecológica é a casa sem emissões, que não consome energia e que otimiza o uso dos recursos naturais e renováveis. A casa não sustentável consome os recursos naturais de maneira linear produzindo resíduos e poluição; a casa ecológica, ao contrário, utiliza os recursos de maneira integrada aos ciclos da natureza, sem causar danos.

Há anos nós tentamos evidenciar a conveniência também econômica dos investimentos na casa ecológica. De fato, a primeira vila ecológica em Tubinga foi construída por uma agência de seguros; uma outra vila perto de Viena foi construída por um importante grupo bancário austríaco.

Na Europa Central a tendência do mercado da construção civil é cada vez mais é orientado ao ecológico e as companhias de seguro têm farejado o negócio que representa uma casa ecológica: a casa saudável representa também uma apólice de vida mais remunerativa!

Construir de maneira bioecológica significa fazer a medicina preventiva e investir de maneira inteligente. Construir de maneira convencional torna-se, pela força das coisas, mais e mais irresponsável e antieconômico.

Arquitetura, empreendedorismo, sustentabilidade e ética

Construir de maneira sustentável impõe a todos os envolvidos, do projetista ao usuário, do administrador público ao empresário, do produtor ao varejista, um forte empenho ético e um profissionalismo adequado.

O impacto ambiental da indústria da construção civil se explicita em:

1 - Ocupação territorial e a conseqüente poluição urbana, hoje injustificável com a estabilidade demográfica de mais de um decênio na Europa.

2 - Uma forte periculosidade das técnicas construtivas e dos materiais utilizados há algumas décadas na construção: milhares de produtos cada vez mais sintéticos a base de substâncias petroquímicas de reconhecida toxicidade que tornam o canteiro de obras uma instalação produtiva de alto risco.

3 - Um consumo descontrolado de recursos não renováveis, em particular petróleo e água (cerca de 50% dos recursos extraídos da natureza são destinados, na Europa, à indústria da construção civil).

4 - Um maciço consumo de energia de origem fóssil (cerca de 45% da energia produzida na Europa é utilizada no setor construtivo).

5 - Uma produção de poluição atmosférica crescente e responsável pelos fenômenos de poluição global como o efeito estufa e o buraco na camada de ozônio (cerca de 50% da poluição atmosférica é produzida na Europa pelo setor construtivo).

6 - Uma produção maciça de escórias e refugos (cerca de 50% dos refugos produzidos anualmente em Europa provêm do setor construtivo, na Alemanha chega a 70%).

Em face desses dados, torna-se evidente que as escolhas que cada dia a administração pública de centenas de pequenos e grandes municípios na Itália realizam por meio da atividade profissional de milhares de técnicos e operários tornam-se fundamentais. Estas escolhas exigem uma postura diferente de responsabilidade ética nos setores que determinam a qualidade do meio-ambiente.

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