segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

TERRA CRUA

Uso de terra crua como alternativa construtiva para habitações.

Caracterização do Problema
Alguns fatores representativos de nossa época: linhas de transmissão elétricas, sistemas de ar condicionado e frotas de caminhões que percorrem longas distâncias, seduzem arquitetos e construtores desviando-os da essência do regionalismo e interferindo na cultura construtiva local. Ainda assim, estes fatores permitem que uma arquitetura padronizada e inadequada consiga se sobrepor. Em comunidades onde materiais de construção manufaturados não são encontrados, a terra crua se mostra como matéria prima que permite a construção de abrigos cuja qualidade atende largamente aos usuários. Nos países industrializados, a terra crua foi suplantada por novos materiais de construção, muitos deles produzidos por meio de processos de manufatura altamente sofisticados, demandadores de energia e poluidores. Muitos destes materiais trazem consigo complicações técnicas, regionais e de conforto ambiental imprevisíveis. Como resultado, verifica-se um agravamento da crise de energia e a ameaça ao meio ambiente. A volta do uso da terra crua, convertida em paredes e consequentemente em habitação, pode minimizar estes problemas. O outro desafio é a busca de uma habitação de baixo custo e de boa qualidade, tanto do ponto de vista físico-estrutural como do conforto ambiental, o que implica em pesquisas de como proceder a substituição ou mesmo a compatibilidade deste material aos outros materiais de construção.

Justificativa
Valendo-se da construção em taipa (compactação de terra) com solos adequadamente selecionados, uma edificação pode durar vários anos como testemunham alguns sítios arqueológicos. Em virtude do déficit de moradias para populações menos favorecidas (nordeste e interior brasileiro), estas se utilizam da construção em taipa para amenizar este problema, construindo de forma precária e sem o devido cuidado técnico, o que acaba por estigmatiza-la como uma técnica de construção ligada a pobreza e disseminação de doenças (doença de Chagas). Apesar do preconceito em relação à construção com terra crua, esta técnica é capaz de criar ambientes extremamente eficientes em termos de energia, que praticamente eliminam a manutenção externa e que não agridem o meio ambiente. Devido a sua força de tensão relativamente baixa, as paredes de terra são construídas em espessura maior que 30 centímetros, o que aumenta a sua inércia térmica podendo resultar em menos desconforto térmico, tanto nas estações frias, quanto nas quentes. Usando a terra crua disponível no local, para construir as paredes, em vez de depender de materiais importados e/ou manufaturados, o componente energético incorporado à estrutura sofre uma redução significativa. A incorporação energética baixa traduz-se em reduções na poluição da água e do ar pela diminuição do processo industrial, despesas com transportes da fabrica à obra, desgastes dos mananciais, e nas principais despesas associadas à construção e operação de edifícios manufaturados. Com a difusão de habitações construídas com materiais duráveis a base de terra são identificáveis as seguintes vantagens:

A durabilidade leva à diminuição da manutenção;

Há uma redução da demanda de pintura e de outros acabamentos exteriores;

Há eliminação da necessidade de reconstrução da moradia por uma ou mais gerações;

ao término do ciclo de vida útil da edificação, a terra como material de construção é totalmente reciclável, resultando em um uso menos agressivo dos recursos naturais.

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